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Brinquedoteca Itinerante e Popular

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Brinquedoteca Recebe Menção Honrosa da SME-Natal

          Hoje venho agradecer a Menção Honrosa ABRAÇAR E AGRADECER da Secretaria de Educação de Natal, através do CMEI Professor ARNALDO ARSÊNIO e em nome de todos os CMEI trabalhado nessa parceria cultural com nossa instituição BRINQUEDOTECA ITINERANTE E POPULAR.












Resenha Poética com Cláudio Wagner: O ESPELHO DE ELOISA


O Espelho de Eloísa


Eu não tenho mais a cara que eu tinha, no espelho essa cara já não é minha.
Nando Reis

          Se alguém me perguntasse que lugar eu escolheria para ficar preso, responderia, sem dúvidas, que seria na cabeça de um escritor ou escritora. Pensem no quanto de histórias e magia há na cabeça desses seres. Viver num lugar desses, tão privilegiado, vivenciando o processo de criação e concebimento, antes da obra ser presenteada ao mundo, seria incrível!
         A autora de quem irei falar uma pitadinha da sua mais nova criação, o livro "O Espelho de Eloísa", lançado pela CJA- Edições, 2018, é a Professora Doutora Araceli Sobreira. Tive o privilégio de conhecê-la quando ingressei no curso de Ciências da Religião (UERN), há mais de 10 anos. Quando peguei esse livro em minhas mãos, não tive dúvidas de que a experiência seria gratificante e, ao fim da leitura, algo de novo seria acrescentado em meu viver. E assim aconteceu. A cada um dos contos que acabava de ler, elevava-me com a força, a leveza, a delicadeza e principalmente o humano de cada umas das mulheres, que são as personagens centrais de todo o enredo.
          Mas, como é sabido por todos que leem essa coluna, não darei spoiler do livro, apenas contarei pequenos detalhes para aguçar seus instintos de devoradores de belas histórias proporcionadas por bons livros. Nesse caso, o Espelho de Eloísa é uma ótima opção.
       Araceli Sobreira, domina os meandros da nossa língua portuguesa e tem uma sensibilidade refinada, oferecendo-nos um brilhante trabalho, transportando-nos ao mundo das suas personagens, fazendo com que possamos saborear tanto os prazeres, como os desprezares das mesmas.
        Bem, deixa eu colocar esse pão (livro) na bandeja das minhas escolhas, e servir as fatias da forma que a própria autora escolheu. Fatia 1: Histórias de Mulheres Sábias, que são os contos encontrados da página 13 até a 45. Os títulos são: O espelho de Eloísa; O despertar de Zélia; A cura;          A história de Elza; O conto das quatro luas e Dora. Fatia 2: Olhares e Paisagens, que irá da página 51 até a 89. Os títulos são: Na antessala da vida; Um anjo no viaduto; Uma noite entre pedras; Amores de rua; Era quase uma lenda; O Parto e, finalizando, A menina e a Serra do Feiticeiro. Fiquei amarradão no enredo da história desse último conto. Quer saber por que? É só ler o livro.
       Prontamente fatiado o livro (pão para nossas almas), você agora já sabe o título de cada conto, mas as histórias contidas neles, essas deixarei em segredo. Mas, como não sou tão ruim assim, mostrarei um pouco do conto, que dá nome a obra, comentando minhas impressões. Vamos lá então:

Tão pequena, mas tão forte. Esquecida entre as matas, conseguia juntar forças. Ela sábia que até os deuses a temiam, tinha os olhos miúdos, rasgados no rosto moreno. (p,15).

           Você pode até pensar que eu só posso é está de brincadeira, pois esperava um trecho maior, algo que revelasse logo por completo o conto, daí eu coloco só um pedacinho. Calma! Lembre-se que um espelho é aquele utensílio que reflete um pouco da gente, que nos mostra algo de nós, mas que nem sempre nos identificamos com isso. Esse trecho que usei é um espelho, mas é a narradora do conto refletindo quem é Eloísa, quais os traços da personalidade dessa mulher, pois se é pequena em estatura, é grandiosa em força, em alma e personalidade. Se até os deuses tem medo dela, imagina nós, pobres mortais.
         Mas, você deve estar se questionando: Para que irei ler algo sobre alguém que me causará medo? Aí é que está, não terás! Irás é se identificar, refletir-se e, ter também, estranhamento desse reflexo. Verás que uma mulher se constrói e reconstrói todos os dias na busca incessantes do que todos os seres vivos fazem para serem feliz, para deixarem suas marcas no mundo.
          Como diz um trecho da música escrita por Nando Reis: "Eu não tenho mais a cara que eu tinha, no espelho essa cara já não é minha". E é assim que Araceli Sobreira mostra-nos, de forma simples, esse nosso não reconhecimento de quem somos quando estamos em frente ao espelho, a cara nunca é nossa, mas se olharmos o espelho e nos procurarmos no tempo, quem sabe assim, nos reconheceremos.
       De acordo com meu amigo Manuel Azevedo, se o simples fosse fácil, alguém já teria feito outro.
Parabéns a autora!
E vamos à leitura!

 Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.



REFERÊNCIAS

REIS, Nando, Não Vou Me Adaptar, Disponivle em: https://www.vagalume.com.br/nando-reis/nao-vou-me-adaptar.html
SOBREIRA, Araceli, O Espelho de Eloísa: e outras histórias de mulheres sábias. Natal-RN, CJA 2018.



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Resenha Poética com Cláudio Wagner: Convida você para o lançamento do livro de Roberto Noir


Poeta Roberto Noir lança primeiro livro neste sábado em Natal


O professor, escritor e poeta Roberto Noir lançará neste sábado, dia 20, seu primeiro livro, "Post Mortem", pelo selo editorial da SPVA-RN (Sociedade dos Poetas Vivos e Afins-RN), em parceria com a OW Edições. O lançamento será às 18h na Galeria Salgado Filho, na avenida Salgado Filho, 1773, Lagoa Nova, em frente ao Portugal Center.

A obra, escrita em versos por Roberto Noir e ilustrada por Jack Jacson, relata uma história que traz elementos como traição e ressentimento, retratados de forma ultrarromântica, com uma certa influência de Shakespeare e das tragédias gregas. As ilustrações complementam a poética da história dando um ar de HQ (História em Quadrinhos) ao livro.

Há também influências de diversos artistas, entre eles os poetas brasileiros Augusto dos Anjos e Álvares de Azevedo, Lacrimosa (banda alemã de metal gótico) Lacroix Desphères, Moi Dix Mois e Sito Magus (bandas japonesas de metal).

"Apesar da história ser relativamente curta, sua densidade faz com que passemos tempo a refletir durante e após a leitura sobre certas situações em que vivenciamos e/ou vimos outras pessoas passarem. Podemos até mesmo ser vítimas do egoísmo alheio, assim como podemos ser os algozes", analisa o escritor.

SERVIÇO
Lançamento de Post Mortem
Quando: Sábado dia 20
Horário: 18h
Onde: Galeria Salgado Filho, na avenida Salgado Filho, 1773, Lagoa Nova, em frente ao Portugal Center.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Resenhe Poética com Cláudio Wagner: Dê Lírios - Nildinha Freitas


DÊ LÍRIO



       Quem me ensinou a juntar as letras e depois soletrá-las, no que chamamos de saber ler, foi certamente a professora Anilda, na Escola Estadual Isabel Gondim. Mas, quem de fato me ensinou a ler foi meu amigo, professor e advogado João Maria Oliveira (João Oliveira). Ele não é do tipo que dá conselhos sobre qual livro deveríamos ler, mas sim, chega e nos empresta tal livro. Daí, você só tem duas opções: ler ou ler. Acredite, ler um livro que passou pelas mãos de João Oliveira é uma experiência única, pois o livro vem todo fichado, com apontamentos e suas impressões a respeito da leitura. Isso torna a leitura encantadora, já que parece que estamos lendo um livro dentro de um livro. Assim sendo, aprendi a ser desses que pega um livro, lê de orelha a orelha e ainda dá uma boa olhada na ficha técnica e catalográfica da obra.
E o que tem haver ter aprendido a ler, com essa resenha? Tudo! Pois, foi preciso rabiscar toda a obra “Dê Lírio”, ler como o João Oliveira leria, deixando apontamentos a cada nova virada de folha. Foi preciso soletrar cada palavra, para que os poemas (poesias) viessem a fazer parte da constituição do meu próprio ser. E foi justamente o que fiz, pois só assim pude experimentar todo o prazer que esta obra, da Escritora Nildinha Freitas, pode proporcionar.
O livro nos apaixona logo pela capa em vermelho-escarlate e letras douradas. Já que o vermelho é a cor das paixões e o dourado lembra a riqueza, contextualiza perfeitamente com tudo que encontramos do princípio ao fim do mesmo, que é pura riqueza poética.
Sua apresentação foi feita por um magnifico escritor, o Junior Dalberto. Esse, inclusive, escreveu o livro “Pipa Voada Sobre Brancas Dunas”, cuja leitura me salvou a vida. Mas essa, é outra história.
Tenho toda convicção de que a pessoa que me fez amar poesia, o meu saudoso avô José Rodrigues, iria amar ler "Dê Lírio". E quem sabe isso não ocorra, uma vez que existe uma possibilidade quântica dessa obra está transcendendo nossa realidade e em outro universo (subversor), meu avô possa deleitar-se, assim como eu, com os poemas de Nildinha Freiras. E olhe que sou bem descrente nessas coisas, mas tanto Nildinha, como Júnior Dalberto quebram minha descrença, uma vez que suas escritas geniais dão verdade àquilo que nos parece impossível de ser.
Bem, falei da cor do livro, falei dos que me ensinaram a ler, falei até de quem me ensinou a amar o gênero literário poesia, mas ainda não fiz o que sempre faço em todas as resenhas que escrevo, ainda não deixei um fragmento da obra, algo que gostei assim que li. Preciso confessar que estou com problema quanto a isso, pois gostei até do cheiro da tinta que foi usada para imprimir esse livro. Então, minha tarefe de escolher apenas um fragmento está muito difícil! Deu vontade de colocar todos os poemas, na íntegra, só que seria acusado de plagio e, o pior, você não iria comprar a obra de Nildinha Freitas para ter o mesmo prazer que eu tive. Mas, vamos lá! Depois de muito pensar, lá vai um fragmento de “Dê Lírio”:

Verdades e mentiras sobre mim?
Coisas ditas!
Coisas que ninguém viu
E nem sei se ainda vai ver.

Os pedaços do meu pranto
Que deixei espalhados
Pelos cantos
Ninguém nunca recolheu.

(Trecho do poema “Fragmento”. p.85)

O eu-lírico da poetisa nesses versos parecem falar da própria poetisa, mas mais que isso, fala é de nós. Dou fé em dizer do que queríamos saber sobre nós, na visão dos outros, ao mesmo tempo que é um fragmento, uma parte, um pedaço, o poema é também um todo indivisível, ele entra em movimento e se conecta a todas as partes e estruturas universais do fazer poesia, do fazer da magnânima poesia.
Por hora, é o que posso dizer da poesia de Nildinha Freitas. Seu livro me deixou em êxtase. Obrigado Poetisa, por tão caprichosos versos em cada uma das 89 páginas do seu e do nosso “Dê Lírio”.
Me atrevo a usar um verso de uma das músicas da banda Legião Urbana: “Venha, que o que vem é perfeição”. Então, venha e leia a obra de Nildinha Freitas, que verás o que é perfeição.

 
Cláudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.

REFERÊNCIA
FREITAS, Nildinha, Dê Lírio. Natal-RN, CJA Edições, 2017.
LEGIÃO URBANA, Perfeição, extraído do site: https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/46967/