Porque
algumas janelas podem servir como uma porta de saída para nossos
sonhos
A
alma humana nua é a mais excitante de todas as visões.
Cláudio Wagner
Quem
lê as resenhas aqui publicadas, já está mais que habituado a ler
logo no título da mesma o nome da obra que será trabalhada, porém
tamanho foi o zelo que Sandenberg Oliveira deu à luz sua obra, que
me faltou coragem para já de cara deixá-lo
à
mostra. Preferi fazer um jogo de sedução com você, a mesma sedução
que senti a cada virada de página. Era impossível para de ler!
Os
livros podem ser: didáticos, religiosos, poéticos, de amor, de
guerras, etc, mas o livro de Sandemberg, não cabe dentro dessas
categorias. Não foi possível dizer de imediato se ele era isso ou
aquilo, já que ele é isso e aquilo ao mesmo tempo, logo, não entra
na camisa de força das comparações. Por isso, resolvi dizer que
esse é um livro raio-x, pois nos permite
enxergar a alma humana que, em seu estado de dor, se apresenta sem
cortes, porém, vela muito observá-la.
Só entrado pela janela que essa obra nos abre é que passamos a ver
a alma das pessoas em sua plenitude.
Sandemberg
Oliveira, apresenta, minuciosamente,
todos os por menores de suas experiências e práticas da
biblioterapia (uso da leitura com função terapêutica), a qual teve
seu primeiro contato ainda nos bancos acadêmicos, quando cursou
letras na UFRN e participou de um projeto que levava à pacientes
acometidos de câncer, uma oportunidade de ter alguém para ler para
eles. Detalhe, essas leituras eram fruto das escolhas do próprio
paciente e o Sandemberg, era um dos que faziam as leituras.
Arrisco
em dizer que nesse período, o agora autor desse espetáculo de
livro, lançado pela CJA Edições, não sonhava nem que aquelas
leituras que ele fazia para os pacientes, e com as quais ia
apreendendo belas e emocionantes lições sobre a natureza humana,
virariam livro algum dia, mas para nossa sorte, virou.
E
assim, nasceu “Janela da Alma”, o qual li e estou aqui
escrevinhando sobre o mesmo e conclamando meus amados e amadas que
saiam de suas cadeiras e corram para adquiri-lo e ter essa
experiência magnífica
que tive.
Deixo
agora para vocês se deliciarem, um pouco do que contém nas 131
páginas do “Janela da Alma”. O autor fala assim a respeito do
ato de ler:
“Sendo
a leitura um encontro entre o texto e o leitor, é sempre o leitor
que, tornando-se agente e iniciador da ação, deve escolher entre
múltiplas proposições de justeza ética veiculada pela leitura. A
identidade poética de um ser humano está em constante movimento”.
(p.47)
Essas
palavras, que capturei com o laço das minhas escolhas, as quais
estão no capítulo em que o autor disseca
o gênero poesia na prática da biblioterapia, é apenas uma
panorâmica do que pode ser encontrado na obra:
Francisco
de Assis era um homem de seus cinquenta anos, de muito gracejo, um
verdadeiro poeta que gostava de leitura como ninguém e amava a
poesia, passava boa parte do tempo escrevendo e lendo, só parava
quando a dor, ante sua doença, incomodava-o, forçando-o a ficar
quieto, sonolento e triste. (p.126).
Com
essa obra, eu pude sair da ignorância sobre o poder da leitura na
vida das pessoas. Sandemberg, sem perceber nos colocou perto dessas
pessoas (vidas).
Por
motivos de formação, li e reli algumas vezes essa frase de Carl
Jung: "Conheça
todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma
humana, seja apenas outra alma humana".
Mas, confesso que só consegui entender o sentido dela ao ler “Janela
da Alma”, pois seu autor conseguiu na narrativa, me fazer
compreender que é preciso deixar as almas se comunicarem umas com as
outras, permitindo algumas janelas servirem como uma porta de saída
para nossos sonhos.
Claudio Wagner
Poeta,
professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da
SPVA/RN e autor do livro Entre
a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.
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