Hoje venho agradecer a Menção Honrosa ABRAÇAR E AGRADECER da Secretaria de Educação de Natal, através do CMEI Professor ARNALDO ARSÊNIO e em nome de todos os CMEI trabalhado nessa parceria cultural com nossa instituição BRINQUEDOTECA ITINERANTE E POPULAR.
O projeto “Brinquedoteca Itinerante e Popular – BIP” desenvolvido desde 2004, como formas de garantir espaços lúdicos para que as crianças entrem em contato com a cultura popular do RN, preservando e difundindo formas de brincar que foram objetos de estudo de Câmara Cascudo, Veríssimo de Melo, e Manoel Rodrigues de Melo dentre outros. Brincar se configura como uma atividade natural para as crianças de todos os povos, independente de idade, sexo, religião, raça, classe sócio-econômica e cultura.
quarta-feira, 24 de outubro de 2018
Resenha Poética com Cláudio Wagner: O ESPELHO DE ELOISA
O
Espelho de Eloísa
Eu não
tenho mais a cara que eu tinha, no espelho essa cara já não é
minha.
Nando
Reis
Se alguém me perguntasse que lugar eu
escolheria para ficar preso, responderia, sem dúvidas, que seria na
cabeça de um escritor ou escritora. Pensem no quanto de histórias e
magia há na cabeça desses seres. Viver num lugar desses, tão
privilegiado, vivenciando o processo de criação e concebimento,
antes da obra ser presenteada ao mundo, seria incrível!
A autora de quem irei falar uma pitadinha da
sua mais nova criação, o livro "O Espelho de Eloísa",
lançado pela CJA- Edições, 2018, é a Professora Doutora Araceli
Sobreira. Tive o privilégio de conhecê-la quando ingressei no curso
de Ciências da Religião (UERN), há mais de 10 anos. Quando peguei
esse livro em minhas mãos, não tive dúvidas de que a experiência
seria gratificante e, ao fim da leitura, algo de novo seria
acrescentado em meu viver. E assim aconteceu. A cada um dos contos
que acabava de ler, elevava-me com a força, a leveza, a delicadeza e
principalmente o humano de cada umas das mulheres, que são as
personagens centrais de todo o enredo.
Mas, como é sabido por todos que leem essa
coluna, não darei spoiler do livro, apenas contarei pequenos
detalhes para aguçar seus instintos de devoradores de belas
histórias proporcionadas por bons livros. Nesse caso, o Espelho de
Eloísa é uma ótima opção.
Araceli
Sobreira, domina os meandros da nossa língua portuguesa e tem uma
sensibilidade refinada, oferecendo-nos um brilhante trabalho,
transportando-nos ao mundo das suas personagens, fazendo com que
possamos saborear tanto os prazeres, como os desprezares das mesmas.
Bem,
deixa eu colocar esse pão (livro) na bandeja das minhas escolhas, e
servir as fatias da forma que a própria autora escolheu. Fatia 1:
Histórias de Mulheres Sábias, que são os contos encontrados da
página 13 até a 45. Os títulos são: O espelho de Eloísa; O
despertar de Zélia; A cura; A história de Elza; O conto das quatro
luas e Dora. Fatia 2: Olhares e Paisagens, que irá da página 51
até a 89. Os títulos são: Na antessala da vida; Um anjo no
viaduto; Uma noite entre pedras; Amores de rua; Era quase uma lenda;
O Parto e, finalizando, A menina e a Serra do Feiticeiro. Fiquei
amarradão no enredo da história desse último conto. Quer saber por
que? É só ler o livro.
Prontamente
fatiado o livro (pão para nossas almas), você agora já sabe o
título de cada conto, mas as histórias contidas neles, essas
deixarei em segredo. Mas, como não sou tão ruim assim, mostrarei um
pouco do conto, que dá nome a obra, comentando minhas impressões.
Vamos lá então:
Tão
pequena, mas tão forte. Esquecida entre as matas, conseguia juntar
forças. Ela sábia que até os deuses a temiam, tinha os olhos
miúdos, rasgados no rosto moreno. (p,15).
Você
pode até pensar que eu só posso é está de brincadeira, pois
esperava um trecho maior, algo que revelasse logo por completo o
conto, daí eu coloco só um pedacinho.
Calma! Lembre-se que um espelho é aquele utensílio que reflete um
pouco da gente, que nos mostra algo de nós, mas que nem sempre nos
identificamos com isso. Esse trecho que usei é um espelho, mas é a
narradora do conto refletindo quem é Eloísa, quais os traços da
personalidade dessa mulher, pois se é pequena em estatura, é
grandiosa em força, em alma e personalidade. Se até os deuses tem
medo dela, imagina nós, pobres mortais.
Mas, você deve estar se questionando: Para
que irei ler algo sobre alguém que me causará medo? Aí é que
está, não terás! Irás é se identificar, refletir-se e, ter
também, estranhamento desse reflexo. Verás que uma mulher se
constrói e reconstrói todos os dias na busca incessantes do que
todos os seres vivos fazem para serem feliz, para deixarem suas
marcas no mundo.
Como diz um trecho da música escrita por
Nando Reis: "Eu não tenho mais a cara que eu tinha, no espelho
essa cara já não é minha". E é assim que Araceli Sobreira
mostra-nos, de forma simples, esse nosso não reconhecimento de quem
somos quando estamos em frente ao espelho, a cara nunca é nossa, mas
se olharmos o espelho e nos procurarmos no tempo, quem sabe assim,
nos reconheceremos.
De acordo com meu amigo Manuel Azevedo, se o
simples fosse fácil, alguém já teria feito outro.
Parabéns a autora!
E vamos à leitura!
Claudio Wagner
Poeta,
professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da
SPVA/RN e autor do livro Entre
a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.
REFERÊNCIAS
REIS, Nando, Não
Vou Me Adaptar, Disponivle em:
https://www.vagalume.com.br/nando-reis/nao-vou-me-adaptar.html
SOBREIRA, Araceli, O
Espelho de Eloísa: e outras histórias de mulheres sábias.
Natal-RN, CJA 2018.
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
Resenha Poética com Cláudio Wagner: Convida você para o lançamento do livro de Roberto Noir
Poeta
Roberto Noir lança primeiro livro neste sábado em Natal
O
professor, escritor e poeta Roberto Noir lançará neste sábado, dia
20, seu primeiro livro, "Post Mortem", pelo selo editorial
da SPVA-RN (Sociedade dos Poetas Vivos e Afins-RN), em parceria com a
OW Edições. O lançamento será às 18h na Galeria Salgado Filho,
na avenida Salgado Filho, 1773, Lagoa Nova, em frente ao Portugal
Center.
A
obra, escrita em versos por Roberto Noir e ilustrada por Jack Jacson,
relata uma história que traz elementos como traição e
ressentimento, retratados de forma ultrarromântica, com uma certa
influência de Shakespeare e das tragédias gregas. As ilustrações
complementam a poética da história dando um ar de HQ (História em
Quadrinhos) ao livro.
Há
também influências de diversos artistas, entre eles os poetas
brasileiros Augusto dos Anjos e Álvares de Azevedo, Lacrimosa (banda
alemã de metal gótico) Lacroix Desphères, Moi Dix Mois e Sito
Magus (bandas japonesas de metal).
"Apesar
da história ser relativamente curta, sua densidade faz com que
passemos tempo a refletir durante e após a leitura sobre certas
situações em que vivenciamos e/ou vimos outras pessoas passarem.
Podemos até mesmo ser vítimas do egoísmo alheio, assim como
podemos ser os algozes", analisa o escritor.
SERVIÇO
Lançamento
de Post Mortem
Quando:
Sábado dia 20
Horário:
18h
Onde:
Galeria Salgado Filho, na avenida Salgado Filho, 1773, Lagoa Nova, em
frente ao Portugal Center.
domingo, 14 de outubro de 2018
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
Resenhe Poética com Cláudio Wagner: Dê Lírios - Nildinha Freitas
DÊ LÍRIO
Quem me ensinou a juntar as letras e depois
soletrá-las, no que chamamos de saber ler, foi certamente a
professora Anilda, na Escola Estadual Isabel Gondim. Mas, quem de
fato me ensinou a ler foi meu amigo, professor e advogado João Maria
Oliveira (João Oliveira). Ele não é do tipo que dá conselhos
sobre qual livro deveríamos ler, mas sim, chega e nos empresta tal
livro. Daí, você só tem duas opções: ler ou ler. Acredite, ler
um livro que passou pelas mãos de João Oliveira é uma experiência
única, pois o livro vem todo fichado, com apontamentos e suas
impressões a respeito da leitura. Isso torna a leitura encantadora,
já que parece que estamos lendo um livro dentro de um livro. Assim
sendo, aprendi a ser desses que pega um livro, lê de orelha a orelha
e ainda dá uma boa olhada na ficha técnica e catalográfica da
obra.
E o que tem haver ter aprendido a ler, com
essa resenha? Tudo! Pois, foi preciso rabiscar toda a obra “Dê
Lírio”, ler como o João Oliveira leria, deixando apontamentos a
cada nova virada de folha. Foi preciso soletrar cada palavra, para
que os poemas (poesias) viessem a fazer parte da constituição do
meu próprio ser. E foi justamente o que fiz, pois só assim pude
experimentar todo o prazer que esta obra, da Escritora Nildinha
Freitas, pode proporcionar.
O livro nos apaixona logo pela capa em
vermelho-escarlate e letras douradas. Já que o vermelho é a cor das
paixões e o dourado lembra a riqueza, contextualiza perfeitamente
com tudo que encontramos do princípio ao fim do mesmo, que é pura
riqueza poética.
Sua apresentação foi feita por um magnifico
escritor, o Junior Dalberto. Esse, inclusive, escreveu o livro “Pipa
Voada Sobre Brancas Dunas”, cuja leitura me salvou a vida. Mas
essa, é outra história.
Tenho toda convicção de que a pessoa que me
fez amar poesia, o meu saudoso avô José Rodrigues, iria amar ler
"Dê Lírio". E quem sabe isso não ocorra, uma vez que
existe uma possibilidade quântica dessa obra está transcendendo
nossa realidade e em outro universo (subversor), meu avô possa
deleitar-se, assim como eu, com os poemas de Nildinha Freiras. E olhe
que sou bem descrente nessas coisas, mas tanto Nildinha, como Júnior
Dalberto quebram minha descrença, uma vez que suas escritas geniais
dão verdade àquilo que nos parece impossível de ser.
Bem, falei da cor do livro, falei dos que me
ensinaram a ler, falei até de quem me ensinou a amar o gênero
literário poesia, mas ainda não fiz o que sempre faço em todas as
resenhas que escrevo, ainda não deixei um fragmento da obra, algo
que gostei assim que li. Preciso confessar que estou com problema
quanto a isso, pois gostei até do cheiro da tinta que foi usada para
imprimir esse livro. Então, minha tarefe de escolher apenas um
fragmento está muito difícil! Deu vontade de colocar todos os
poemas, na íntegra, só que seria acusado de plagio e, o pior, você
não iria comprar a obra de Nildinha Freitas para ter o mesmo prazer
que eu tive. Mas, vamos lá! Depois de muito pensar, lá vai um
fragmento de “Dê Lírio”:
Verdades e mentiras sobre mim?
Coisas ditas!
Coisas que ninguém viu
E nem sei se ainda vai ver.
Os pedaços do meu pranto
Que deixei espalhados
Pelos cantos
Ninguém nunca recolheu.
(Trecho do poema “Fragmento”. p.85)
O eu-lírico da poetisa nesses versos parecem
falar da própria poetisa, mas mais que isso, fala é de nós. Dou fé
em dizer do que queríamos saber sobre nós, na visão dos outros, ao
mesmo tempo que é um fragmento, uma parte, um pedaço, o poema é
também um todo indivisível, ele entra em movimento e se conecta a
todas as partes e estruturas universais do fazer poesia, do fazer da
magnânima poesia.
Por hora, é o que posso dizer da poesia de
Nildinha Freitas. Seu livro me deixou em êxtase. Obrigado Poetisa,
por tão caprichosos versos em cada uma das 89 páginas do seu e do
nosso “Dê Lírio”.
Me atrevo a usar um verso de uma das músicas
da banda Legião Urbana: “Venha, que o que vem é perfeição”.
Então, venha e leia a obra de Nildinha Freitas, que verás o que é
perfeição.
Cláudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das
Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre
a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.
REFERÊNCIA
FREITAS, Nildinha,
Dê Lírio. Natal-RN, CJA Edições,
2017.
LEGIÃO URBANA, Perfeição, extraído do site:
https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/46967/
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