DO AMOR…
Do amor e algumas crônicas, mas não estão
todas aqui no subtítulo senão ficaria enorme e cafona, é o nome do
Livro de Alice Carvalho, lançado em 2015, pela Editora Jovens
Escribas. Achei esse subtítulo grande, mas não entrarei no mérito
se é ou não cafona. Aliás, essa provocação da autora em relação
ao mesmo achei muito massa.
Provocação, é o que não irá faltar nas 125
páginas da obra. Sou capaz de dizer que provocação é uma marca da
Alice, e olha que não a conheço, porém, já assisti um monologo
que ela escreveu, no qual ela própria encenou, que me deixou com
essa ideia. E lendo esse livro, isso se confirmou. Mas, não é uma
provocação pura e simplesmente por provocar, nem para gerar
balburdia ou tergiversar sem nexo, mas uma provocação no sentido de
fazer-nos ter a ação de pensar sobre as coisas e tomarmos alguma
atitude sobre elas. Só para constar, o nome do monologo que Alice
nos provoca a pensar é “Inkubus”... isso é tudo que direi sobre
ele.
Como não repetirei o título e subtítulo da
obra, aqui ele receberá o apelido: “Do Amor”. Quando comecei a
ler, pensei que não iria gostar, pois achei o início assim meio que
um jogo de tá quente, tá frio feito, mas aos poucos fui sacando a
jogada genial que ela imprime e que parece querer deixar-nos
entediados, com alguns vai e vens, sobre o livro em si, sobre a arte
de escrita e coisas assim, porém aos mesmo tempo, ela vai nos
presentear com as dúvidas, e se há dúvidas, temos que ir até o
final para poder saná-las. E foi o que fiz.
Com a afirmativa "Toda mulher é igual", Carvalho começa
sua escrita. Esse é o nome do primeiro capítulo. Nos primeiros
parágrafos, vemos a justificativa do porquê. Sou sincero em dizer,
já tinha ouvido essa frase um milhão de vezes, mas partindo de
homens se referindo às mulheres, mas nunca como a opinião de uma
mulher. Alice diz nesse texto, do primeiro parágrafo:
Toda
mulher é igual. Negra, branca, parda, heterossexual, bissexual,
homossexual, transexual, assexuada, pobre, rica, emergente, malhando
glúteos (ou não) e até mesmo aquela que diz não se importar com
os assuntos do coração. No fundo, a gente, só quer paz e um amor
que nos faça perder a noção do tempo - seja ele de carne e osso ou
apenas fabricado de alguma forma. ( p.13).
Antes que você diga que esse pensamento é
machista, reduz a figura da mulher só à dimensão do
sentimentalismo, eu digo: Calma! Leia primeiro a obra toda, aí você
tira suas conclusões. Esse trecho escolhi de proposito, só para
demonstrar e provar minha tese das “provocações”. Quando
comprares a obra e lê-la, verás o quanto de aproprio ao contexto, o
fragmento está encaixado, tal qual peça de quebra-cabeças.
Num emaranhado de revira voltas, e num jogo de
vai e vem, as personagens, a partir da personagem central do livro,
deseja ter uma casamento feliz com um noivo que ela acredita que vem
deixando ao longo de sua vida, pistas de quanto a ama, porém esse
noivo, ela não conhece pessoalmente, o que não a impedimento que
mobilize todo um aparato de um grande evento de casamento, convidando
parentes e amigos, e indo para a igreja vestida de noiva, mas o
casamento nunca ocorre, uma vez que o noivo não comparece para tal
cerimônia. Todas as pessoas acreditam que a jovem sofre de algum
distúrbio mental, que a faz marcar sucessivas cerimônias de
casamento com um noivo fantasma, mas é nos muitos diálogos, que
vamos encontrar dentro do livro, que nossa protagonista tem com um
amigo que revela parte desse segredo. Nossa! Quase entrego o desfecho
da obra! Mas, como não é minha intenção, só digo uma coisa,
também vemos na obra uma brincadeira com o número 14, que aparece
como um revelador místico, cabalístico, pois a combinação de
números que juntos dão 14, pode ensinar algo sobre nós e o próprio
universo, isso para as ideias da personagem.
Bem, quando o livro termina, quando a história
dos personagens tem sua apoteose, Alice Carvalho brinda-nos com um
capítulo extra, que está a mostra e escondido, digamos, ao mesmo
tempo, dentro da obra. Nesse capítulo, acreditem, tem uma história
revolucionaria sobre Pierrot e Colombina, que não darei detalhes. A
meu ver, só poderia ter nascido de alguém como Alice Carvalho, que
no meu entender, ama provocar os pensamentos. Então, vai procurar o
livro, leia-o e depois me diz...
Poeta,
professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da
SPVA/RN e autor do livro Entre
a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.
REFERÊNCIA
CARVALHO. Alice. Do Amor e algumas crônicas,
mas não estão todas aqui no subtítulo senão o subtítuo ficaria
enorme e cafona. Jobens Escribas, Natal-RN, 2015.
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