Circo de
Poesias
Crianças
vão crescendo e dão outro sentido
Guilherme
Arantes
Comprei de um pipoqueiro poeta, palavras que
pipocavam quentes e desciam pelas escadas (páginas do seu belo livro
“Circo de Poesias”), e quando cheguei nas arquibancadas (miolo da
obra) fui arrebatado para um mundo de sensações que só quem
assiste um espetáculo circense consegue sentir.
Mas, não foi apenas a experiência de estar
num circo de poesias (criado pelo poeta Weid Sousa), mas sim algo
maior que isso, posso dizer que tive uma conjunção holística com
suas palavras (versos) e fui transportado ao todo de mim. A cada
poema, a criança, que estava morta dentro do meu ser, renascia e um
elo entre Claudio Wagner e a poesia contida em “Circo de Poesias”,
estabeleceu-se. Mesmo conhecendo todas as palavras do dicionário,
nenhuma seria capaz de sintetizar o que de fato ocorreu. Se com “O
Guia do Mochileiro Das Galáxias”, de Douglas Adams, aprendi a
voar, com “Circo de Poesias”, de Weid Souza, reaprendi a ser
criança, a voltar a sonhar, a ver o quanto o simples é sofisticado.
Como diz meu amigo Professor e Poeta Manuel Azevedo, “se o simples
fosse fácil de fazer, alguém já teria inventado outro “parabéns
para você”, o que até hoje não ocorreu. E é com uma
simplicidade poética singular, que Weid Sousa envolve e encanta
crianças e adultos. Vamos comigo ao picadeiro poético para
vivenciarmos uma parte do espetáculo (poema) dessa obra?
A TURMA
DA PIPOCA
É tão
divertido
A turma
da pipoca
Chegam
amarelas de medo
Mas
quando o chão esquente
Pulam
loucas de alegria
No sofá
ou no cinema
Pipoca
não pode faltar
Colorida
ao amanteigada
Doce ou
salgada
A pipoca
pula-pula
Pula na
minha boca
Um
pedacinho de nuvem
Um
anjinho de asa torta
Se
pipoca nascesse em jardim
Seria
uma roseira branca
Teria
formato de rosa
Mas
cheiraria como pipoca
Sozinha
ou com suco de limão
Vestida
de milho ou açucarada
A
turminha da pipoca
É a
turma mais animada
(p.24).
Tenho
certeza que estais com a cabeça pipocando, querendo entender como
nosso autor capturou essa poesia no ambiente e nos doou em forma de
poema! Isso é coisa de quem tem um olhar apuradamente lúdico, um
olhar de quem percebe o que desperta nas crianças o interesse pela
leitura.
Guilherme
Arantes, na música “Pão”, fala como em cada momento os sonhos
vão se diferenciando em nossa vida e, numa parte dessa música, ele
diz assim: “Crianças vão crescendo e dão outro sentido ao
prazer". Você Weid Sousa, me levou, através do teu “Circo de
Poesias”, ao mundo onde o cansaço do dia-a-dia não era por mim
sentido e meu ser viveu o prazer do celebrar a grandiosidade de estar
vivo, sensação que só as crianças compreendem em sua
profundidade.
Claudio Wagner
Poeta,
professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da
SPVA/RN e autor do livro Entre
a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.
Referência
ARANTES,
Guilherme. Pão.
Disponível: https://www.letras.mus.br/guilherme-arantes/113342/
SOUSA, Weid. Circo
de Poesias, Ed do Autor, Natal-RN,
2018.
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