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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Resenha Poética com Cláudio Wagner: DO AMOR...




DO AMOR…



Do amor e algumas crônicas, mas não estão todas aqui no subtítulo senão ficaria enorme e cafona, é o nome do Livro de Alice Carvalho, lançado em 2015, pela Editora Jovens Escribas. Achei esse subtítulo grande, mas não entrarei no mérito se é ou não cafona. Aliás, essa provocação da autora em relação ao mesmo achei muito massa.
Provocação, é o que não irá faltar nas 125 páginas da obra. Sou capaz de dizer que provocação é uma marca da Alice, e olha que não a conheço, porém, já assisti um monologo que ela escreveu, no qual ela própria encenou, que me deixou com essa ideia. E lendo esse livro, isso se confirmou. Mas, não é uma provocação pura e simplesmente por provocar, nem para gerar balburdia ou tergiversar sem nexo, mas uma provocação no sentido de fazer-nos ter a ação de pensar sobre as coisas e tomarmos alguma atitude sobre elas. Só para constar, o nome do monologo que Alice nos provoca a pensar é “Inkubus”... isso é tudo que direi sobre ele.
          Como não repetirei o título e subtítulo da obra, aqui ele receberá o apelido: “Do Amor”. Quando comecei a ler, pensei que não iria gostar, pois achei o início assim meio que um jogo de tá quente, tá frio feito, mas aos poucos fui sacando a jogada genial que ela imprime e que parece querer deixar-nos entediados, com alguns vai e vens, sobre o livro em si, sobre a arte de escrita e coisas assim, porém aos mesmo tempo, ela vai nos presentear com as dúvidas, e se há dúvidas, temos que ir até o final para poder saná-las. E foi o que fiz.
       Com a afirmativa "Toda mulher é igual", Carvalho começa sua escrita. Esse é o nome do primeiro capítulo. Nos primeiros parágrafos, vemos a justificativa do porquê. Sou sincero em dizer, já tinha ouvido essa frase um milhão de vezes, mas partindo de homens se referindo às mulheres, mas nunca como a opinião de uma mulher. Alice diz nesse texto, do primeiro parágrafo:

Toda mulher é igual. Negra, branca, parda, heterossexual, bissexual, homossexual, transexual, assexuada, pobre, rica, emergente, malhando glúteos (ou não) e até mesmo aquela que diz não se importar com os assuntos do coração. No fundo, a gente, só quer paz e um amor que nos faça perder a noção do tempo - seja ele de carne e osso ou apenas fabricado de alguma forma. ( p.13).

           Antes que você diga que esse pensamento é machista, reduz a figura da mulher só à dimensão do sentimentalismo, eu digo: Calma! Leia primeiro a obra toda, aí você tira suas conclusões. Esse trecho escolhi de proposito, só para demonstrar e provar minha tese das “provocações”. Quando comprares a obra e lê-la, verás o quanto de aproprio ao contexto, o fragmento está encaixado, tal qual peça de quebra-cabeças.
         Num emaranhado de revira voltas, e num jogo de vai e vem, as personagens, a partir da personagem central do livro, deseja ter uma casamento feliz com um noivo que ela acredita que vem deixando ao longo de sua vida, pistas de quanto a ama, porém esse noivo, ela não conhece pessoalmente, o que não a impedimento que mobilize todo um aparato de um grande evento de casamento, convidando parentes e amigos, e indo para a igreja vestida de noiva, mas o casamento nunca ocorre, uma vez que o noivo não comparece para tal cerimônia. Todas as pessoas acreditam que a jovem sofre de algum distúrbio mental, que a faz marcar sucessivas cerimônias de casamento com um noivo fantasma, mas é nos muitos diálogos, que vamos encontrar dentro do livro, que nossa protagonista tem com um amigo que revela parte desse segredo. Nossa! Quase entrego o desfecho da obra! Mas, como não é minha intenção, só digo uma coisa, também vemos na obra uma brincadeira com o número 14, que aparece como um revelador místico, cabalístico, pois a combinação de números que juntos dão 14, pode ensinar algo sobre nós e o próprio universo, isso para as ideias da personagem.
         Bem, quando o livro termina, quando a história dos personagens tem sua apoteose, Alice Carvalho brinda-nos com um capítulo extra, que está a mostra e escondido, digamos, ao mesmo tempo, dentro da obra. Nesse capítulo, acreditem, tem uma história revolucionaria sobre Pierrot e Colombina, que não darei detalhes. A meu ver, só poderia ter nascido de alguém como Alice Carvalho, que no meu entender, ama provocar os pensamentos. Então, vai procurar o livro, leia-o e depois me diz...



Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.


REFERÊNCIA
CARVALHO. Alice. Do Amor e algumas crônicas, mas não estão todas aqui no subtítulo senão o subtítuo ficaria enorme e cafona. Jobens Escribas, Natal-RN, 2015.


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