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Brinquedoteca Itinerante e Popular

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Resenha Poética com Claudio Wagner: Artifícios acres versos doces


Artifícios

acres versos doces




           O livro escolhido para resenhar essa semana é do poeta Dilson Ferreira, um Cearense nascido em Fortaleza, mas que mora em terras natalense desde de 1958, portanto se considera potiguar e não mede palavras quando fala de seu amor por Natal. É membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte (SPVA/RN). Dilson é o que posso dizer ser um poeta indo e voltando! Sua poesia combina belezas sutis que deixam quem as lê em estado de graça.
Artifícios acres versos doces, lançado pela editora Becalete, 2018 e prefaciado por Ozany Gomes, Presidente da SPVA/RN, tem um conjunto de poemas que agradam com certeza os mais variados gostos de consumidores desse majestoso gênero literário que é a poesia.
Confesso que fiz uma leitura apaixonada e deliciosa do livro de Dilson Ferreira da Silva, indo da primeira página à última num folego só, sem se quer dar um intervalo na leitura. Só parei quando consegui me deleitar com todos poemas e ao final, já comecei a escrever essa resenha como forma de não esquecer qual a impressão que a leitura provocou no meu ser.
A obra tem cento e setenta e dois poemas que trabalham temáticas que variam entre o amor, a beleza, a filosofia e questões do cotidiano da vida, mas apontando essa como grandiosa, por isso mesmo, boa de ser vivida, desde que compreendamos a sua real essência. Vê-se nessa obra um claro compromisso de seu autor em não escrever por escrever ou publicar por publicar, mas sim de escrever poemas de relevância e publicar um trabalho de qualidade artística impecável.
Se fez mais que necessário informá-lo, caro leitor, da existência dessa obra para que a coloque em sua lista de livros que devem ser lidos, um livro essencial para quem quer ter uma experiência prazerosos com a leitura e, ao mesmo tempo, se emocionar com imagens de causar delírios, que só a boa poesia é capaz de provocar.
Como de costume, irei dar-lhe um pouco da obra, mas é claro, só um pouco, que é para aguçar sua curiosidade. Então, lá vai:


Néctar

Na poesia posso ter o que eu quiser
Em soneto, trova, melodia ou prosa,
E posso até insinuar-me à flor Rosa
Pra qu’ela seja minha amada mulher.

Então, desfolho-a ao som do bem-me-quer
Que desnuda, vendo-a assim tão mimosa,
Vou até sua gruta prazerosa
E sugo todo néctar que ela tiver.

Ah! Quantos êxtases! Ah, quanta magia!
Rosa me quer, e sou um cara sortudo…
E aí, vamos té amanhecer o dia

...E amei Rosa em pétalas de veludo,
Sendo isso apenas nos versos da poesia,
Porque na poesia, eu posso sonhar tudo!

(p.164).

         Poema dado, minhas impressões colocadas ao longo da resenha, agora deixo a seu encargo, caro leitor, procurar, comprar e deliciar-se com mais uma bela obra escrita em terras potiguares, nossa terra tão amada.


Claudio Wagner

Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.


Referência
SILVA, Dilson Ferreira da. Artefícios. Mogi Guaçu: São Paulo, 2108.




quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Resenha Poética com CLaúdio Wagner: O Porto das Almas


      Sidney Wellington da Costa, na verdade, Sidney China, foi muito feliz na produção da obra “O Porto das Almas”, Editora Recanto das Letras, Sorocaba/SP, 2017. Os poemas encontrados nas 79 páginas desse livro são de uma qualidade poética impressionante. Quem ama poesia tem que ler, pois assim verá o quanto é encantador a forma que o Sidney se utiliza da linguagem escrita para captura a poesia da vida e expressar essa em poemas de rimas seguras e métrica impecável.
    O porto é um lugar de segurança para onde as embarcações vão após enfrentarem os perigos no grande mar. É no porto que os marujos pisam novamente em terra firma e vão em busca de aventuras amorosas ou não. É também nesse lugar, que os navios e embarcações em geral se reabastecem para retornar às suas jornadas mar a dentro. O porto é um lugar de chegada e de partida.
    Mas, em “O Porto das Almas”, o escritor cria, poeticamente, um lugar para onde nossas almas, cansadas e atormentadas pela azáfama do dia a dia, vão se reabastecer, se realimentar, se reequilibrar com o cosmos, pois nesse porto de poesias, elas, as almas humanas, encontram o sossego desejado e o acalanto para suas dores mais profundas.
    Vejam e sintam, em alguns versos, um pouco do que é esse porto e como o autor o construiu para ser um lugar de segurança e conforto para nós, mas também para ser um lugar de onde, uma vez estando seguros e ancorados, podemos refletir a respeito da nossa existência (essência).
Silêncio

Cala-se o sonho visceral do canto
O gemido sonoro e distante
A última luz do desejo latente
O último refrão sussurrado num pranto
Freio brusco e repentino do alazão ligeiro
Veio de outro em mina perdida
Sina de Rei de alma vencida
Seresteiro disfarçado de moleque arteiro.
(...)
(p.88)

      Nesses dois versos do poema “Silêncio”, contidos no livro do nosso poeta construtor de portos seguros para nossas almas, demonstro para vocês, o que lhes proporcionará a leitura da obra, e adianto que não irão se arrepender, pois assim como eu, vocês irão encontrar na poesia de Sidney China, palavras que lhes acalantarão as almas, que lhes ajudarão nos caminhos tortuosos da vida.   
    Concordo com a máxima de que a leitura nos faz viajar, que ela amplia nossos horizontes, que nos faz refletir sobre o mundo. Porém, ela, a leitura, em meu entender, é também uma grande fonte de diversão e entretenimento. Lógico, quando estamos munidos de um bom livro. “O Porto das Almas”, contempla tudo isso e ainda mais, já que, ao viajar, é sempre bom se ter para onde voltar. Nessa obra, nossas almas viajantes sempre terão um porto seguro.


Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.


Referência
CHINA, Sidney. O Porto das Almas. Editora Recanto das Letras, Sorocaba - São Paulo, 2017.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Resenha Poética com Claudio Wagner: POSTAGENS DA VIDA



POSTAGENS DA VIDA 

 
O promotor é só um homem,
Deus é o juiz”.

(Racionais MC's)




            Já estive em alguns lançamentos de livros de gêneros diversos, tanto de autores brasileiros, como estrangeiros. Atualmente, tenho priorizado obras de autores potiguares. Todo mês, leio quatro livros e aqui compartilho as experiências adquiridas com essas leituras. Sou do tipo de pessoa que não tem um lugar especifico para ler, apenas pego o livro e vou lendo em qualquer lugar. Confesso já ter lido em muitos locais, porém, nunca havia feito uma leitura numa fila de autógrafos no lançamento de um livro, mas isso aconteceu recentemente, quando fui ao lançamento do livro “Postagens da Vida, Crônicas de Cyrus Benavides”. Ozany Gomes, Presidente da SPVA/RN, já havia me falado que leu algumas crônicas do Cyrus, quando ele as postava nas redes sociais, e que as achou emocionantes. Quando peguei no livro e me dirigi para fila, observei que até chegar no autor, para pegar o autógrafo, demoraria muito, pois o local estava lotado de gente e a fila gigantesca. Então, ali mesmo, na fila, comecei a leitura. Ozany tinha razão, Cyrus descreve em cada crônica, de forma cuidadosa, minuciosa, os sentimentos, as emoções, os detalhes a respeito dos lugares e das personagens que fizeram e fazem parte de sua vida.
  Essa obra foi produzida pela Offset Editora, de propriedade do competentíssimo Ivan Júnior. Vejo que na gráfica, usaram o melhor material gráfico para que tudo ficasse impecável, mas acredito que as pessoas envolvidas no processo de produção da obra não devem ter se atido ao detalhe de que essa obra já havia sido impressa pela alma do autor. Em cada página que abri e comei a ler, percebi que Cyrus escreveu com a alma, que os textos estão carregados de um amor profundo, o que me prendeu a leitura fazendo-me chorar de emoção e alegria ao mesmo tempo. As crônicas dessa obra estão recheadas de relatos das relações do autor com os amigos, com a sua família, com o trabalho, com Deus e, principalmente, com o amor que ele tem pela vida. Ele é uma verdadeira simbiose de tudo isso.
          A primeira crônica, que tem como título "O TEMPO DE DEUS", todo escrito em caixa-alta, me deu a ideia de um grito. O autor relata, magnificamente, a trajetória pela qual ele e sua esposa Gabi, tiveram que passar até o nascimento de Letícia, filha deles, e como esse nascimento foi um momento considerado uma prova do milagre de Deus. Fui absorvido por essa crônica de um jeito que só larguei do livro para que o autor autografasse. Depois que retornei para minha casa, retomei a leitura e só soltei novamente na última crônica, intitulado VOVÓ LANUZA, VOCÊ QUE DESAFIOU O TEMPO". Dessa última, não irei falar nada, só adianto que é amorosamente escrita, como todas demais.
Peço-te nesse momento que leia esse parágrafo, mas não prossiga a leitura de imediato para o que vem a seguir. Faça uma suspensão na leitura de 20 à 30 segundos e, durante tão curto intervalo, feche seus olhos, sinta sua respiração, tente se projetar para um lugar que você ama muito e só então, retome com atenção, a leitura do fragmento que escolhi do livro “Postagens da Vida”, para você:

UM DESTINO EM MINHAS MÂOS

Ela tem 27 anos e nunca entrou em uma delegacia. Vivia com seu companheiro há seis anos, numa relação desgastada e de profundo sofrimento. Teve uma relação extraconjugal com um vizinho. Seu companheiro descobriu. Este colocou uma faca em seu pescoço e a obrigou a ligar para o rapaz, marcando um encontro. No local combinado, seu companheiro efetuou vários disparos de arma de fogo, atingindo a cabeça e o tórax do jovem.
Ela está presa há um ano e seis meses, vai a júri popular na próxima segunda-feira (10/09/2012). Foi denunciada pelo Promotor de Justiça, pelo crime de homicídio duplamente qualificado. (...) (p.93).

Aconselho que leiam essa crônica na íntegra.
Não foi simples a tarefa de escolher um fragmento da obra que pudesse servir de fulcro à tese que venho defendendo até aqui, dizendo que essa obra foi impressa com a alma e com o amor do autor. Escolhi essa parte que fala da relação do autor com sua profissão de advogado, por acreditar que somos bons numa determinada área quando a exercemos com amor. Também escolhi esse fragmento, porque nele está contido o senso de justiça de Cyrus Benavides. Nessa crônica, como em todas as outras ao longo da obra, vemos suas verdades que vão sendo colocadas à mostra. Percebemos a escolha do título “Um destino em minhas mãos” porque, ele, o advogado, teria sido contratado pela família para livrar a moça de um destino injusto, que era o de ser presa por um crime que não cometeu. Um destino em minhas mãos, por ser a moça tão jovem e o Cyrus perceber que ali havia alguém que poderia vir a realizar feitos grandiosos, mas que poderiam ser abruptamente interrompidos, se condenada. Esse fragmento revela o elo do autor com Deus (sagrado), mistério que rege, no entender da fé, tudo que está no nosso entorno. Então percebo que, Cyrus é um homem de fé.
O grupo Racionais MC's, na música Vida Loka, diz assim: “O promotor é só um homem, Deus é o juiz”. Essa relação onde Deus é quem julga e não os homens, sendo esses apenas instrumentos daquele, mostra que Cyrus Benavides leva esse argumento para sua profissão e para sua vida.
Postagens da Vida e Cyrus Benavides estão ligados umbilicalmente, homem e livro (escrita) são um só. As muitas verdades que lemos em cada linha escrita, fazem parte de uma cola superforte que prende a gente na leitura e nos liberta dos fardos da vida, pois passamos a enxergar a vida com mais naturalidade ao lermos essa magnânima obra-prima da verdade humana.
Leiam e apaixonem-se!!

Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.
Referências
BENAVIDES, Cyrus. Postagens da Vida. Natal-RN: Offset Editora, 2018.
Racionais MC's. Vida Louka. Disponível: https://www.letras.mus.br/racionais-mcs/64916
 

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Resenha Poética com Claudio Wagner: INVERNIA


INVERNIA



         É do céu que se precipitam as águas que caem na terra molhando tudo e fazendo com que a vida, poeticamente, brote de todas as formas e dimensões, pois sem água, não existe vida, isso é certo. Mas, sou da opinião de que sem arte, também não. E a natureza nos prova isso, nos presenteando com maravilhosas obras de arte, que, infelizmente, muitas vezes não paramos para permitir que nossos olhos as vejam.
Para falar da natureza e sua arte, o poeta Jadson Lima nos presenteia com a obra “Invernia”. Podemos dizer que esse livro é uma verdadeira obra de arte, a começar pelo seu projeto de gráfico que é magnífico, com ilustrações lindas. Visualmente, o livro está ótimo para ser lido e apreciado. Mas, ao analisarmos o conjunto da obra, nos deparamos com o que é mais importante no livro: os poemas. Os poemas contidos nessa obra, foram concebidos sob a luz da grandiosa poesia, que só uma alma poética apurada pode conceber. Jadson Lima tem essa alma! Ao ler “Invernia”, fiquei convencido disso. Para provar o que falo e possa me entender, deixo aqui uma estrofe do poema que dá nome a essa obra:

Invernia
(...)

Brotando a vida do chão
A terra recebe a chuva
Deixando de ser viúva
Mostrando a grande união
E nessa concepção
Desse grande casamento
Depois do ato, o rebento
Nascendo forte e florido
Milho e feijão já nascido
Pro nosso contentamento.
(p.43)
          As 162 páginas de “Invernia” apresentam registros das memórias do poeta, odes aos seus pais, ao seu amor, aos professores e ao grande mestre da poesia do nosso Estado, Antônio Francisco. Há poemas que nos levam a conhecer as entranhas do nosso sertão, sua beleza e a força do povo que habita essa região.
         “Invernia” tem apresentação de João Batista de Lima, de Bom Jesus/RN e Prefácio de Lucas Rafael Calado, de São José do Egito/PE, terra da poesia por excelência. Os textos das orelhas da obra contam ainda com a contribuição do mossoroense Antônio Francisco, poeta que despensa qualquer apresentação, além de Davi Lima, filho do Jadson Lima, o que deve ter feito o coração do pai bater mais forte de alegria e satisfação.
       Os poemas nessa obra, são construídos em décimas, demonstrando o domínio do poeta como escritor de literatura de cordel, literatura que poucos dominam devido as regras da métrica e rima. Vemos na construção de cada verso do poeta, o espetáculo que a invernia traz para a natureza, onde tudo brota, nasce, salta e explode para a vida em cores, sabores, gestos, ações, sentimentos do mais variados. Uma abundância de poemas que falam das gentes do nosso sertão, que falam das plantas, dos rios, da vida em suas multiplicas manifestações, nos fazendo sentir todas as suas pulsações.
        Me desculpe, mas vou reler “Invernia”, para poder me apropriar novamente de tudo que é tão nosso e não nos damos conta do tamanho da beleza. É preciso que o poeta venha e decodifique essa beleza para que vejamos em sua plenitude, pois pelos olhos do poeta, a natureza é observada em toda sua singularidade que tem a nos oferecer. 


 
Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.

Referência
LIMA, Jandson. Invernia. Natal-RN, Offset, 2018.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Resenha Poética com Claudio Wagner: CIRCO E POÉSIA


Circo de Poesias

Crianças vão crescendo e dão outro sentido
Guilherme Arantes

  Comprei de um pipoqueiro poeta, palavras que pipocavam quentes e desciam pelas escadas (páginas do seu belo livro “Circo de Poesias”), e quando cheguei nas arquibancadas (miolo da obra) fui arrebatado para um mundo de sensações que só quem assiste um espetáculo circense consegue sentir.
  Mas, não foi apenas a experiência de estar num circo de poesias (criado pelo poeta Weid Sousa), mas sim algo maior que isso, posso dizer que tive uma conjunção holística com suas palavras (versos) e fui transportado ao todo de mim. A cada poema, a criança, que estava morta dentro do meu ser, renascia e um elo entre Claudio Wagner e a poesia contida em “Circo de Poesias”, estabeleceu-se. Mesmo conhecendo todas as palavras do dicionário, nenhuma seria capaz de sintetizar o que de fato ocorreu. Se com “O Guia do Mochileiro Das Galáxias”, de Douglas Adams, aprendi a voar, com “Circo de Poesias”, de Weid Souza, reaprendi a ser criança, a voltar a sonhar, a ver o quanto o simples é sofisticado. Como diz meu amigo Professor e Poeta Manuel Azevedo, “se o simples fosse fácil de fazer, alguém já teria inventado outro “parabéns para você”, o que até hoje não ocorreu. E é com uma simplicidade poética singular, que Weid Sousa envolve e encanta crianças e adultos. Vamos comigo ao picadeiro poético para vivenciarmos uma parte do espetáculo (poema) dessa obra?

A TURMA DA PIPOCA

É tão divertido
A turma da pipoca
Chegam amarelas de medo
Mas quando o chão esquente
Pulam loucas de alegria

No sofá ou no cinema
Pipoca não pode faltar
Colorida ao amanteigada
Doce ou salgada

A pipoca pula-pula
Pula na minha boca
Um pedacinho de nuvem
Um anjinho de asa torta

Se pipoca nascesse em jardim
Seria uma roseira branca
Teria formato de rosa
Mas cheiraria como pipoca

Sozinha ou com suco de limão
Vestida de milho ou açucarada
A turminha da pipoca
É a turma mais animada

(p.24).


  Tenho certeza que estais com a cabeça pipocando, querendo entender como nosso autor capturou essa poesia no ambiente e nos doou em forma de poema! Isso é coisa de quem tem um olhar apuradamente lúdico, um olhar de quem percebe o que desperta nas crianças o interesse pela leitura.
  Guilherme Arantes, na música “Pão”, fala como em cada momento os sonhos vão se diferenciando em nossa vida e, numa parte dessa música, ele diz assim: “Crianças vão crescendo e dão outro sentido ao prazer". Você Weid Sousa, me levou, através do teu “Circo de Poesias”, ao mundo onde o cansaço do dia-a-dia não era por mim sentido e meu ser viveu o prazer do celebrar a grandiosidade de estar vivo, sensação que só as crianças compreendem em sua profundidade.



Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.




Referência

ARANTES, Guilherme. Pão. Disponível: https://www.letras.mus.br/guilherme-arantes/113342/

SOUSA, Weid. Circo de Poesias, Ed do Autor, Natal-RN, 2018.


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Brinquedoteca Recebe Menção Honrosa da SME-Natal

          Hoje venho agradecer a Menção Honrosa ABRAÇAR E AGRADECER da Secretaria de Educação de Natal, através do CMEI Professor ARNALDO ARSÊNIO e em nome de todos os CMEI trabalhado nessa parceria cultural com nossa instituição BRINQUEDOTECA ITINERANTE E POPULAR.












Resenha Poética com Cláudio Wagner: O ESPELHO DE ELOISA


O Espelho de Eloísa


Eu não tenho mais a cara que eu tinha, no espelho essa cara já não é minha.
Nando Reis

          Se alguém me perguntasse que lugar eu escolheria para ficar preso, responderia, sem dúvidas, que seria na cabeça de um escritor ou escritora. Pensem no quanto de histórias e magia há na cabeça desses seres. Viver num lugar desses, tão privilegiado, vivenciando o processo de criação e concebimento, antes da obra ser presenteada ao mundo, seria incrível!
         A autora de quem irei falar uma pitadinha da sua mais nova criação, o livro "O Espelho de Eloísa", lançado pela CJA- Edições, 2018, é a Professora Doutora Araceli Sobreira. Tive o privilégio de conhecê-la quando ingressei no curso de Ciências da Religião (UERN), há mais de 10 anos. Quando peguei esse livro em minhas mãos, não tive dúvidas de que a experiência seria gratificante e, ao fim da leitura, algo de novo seria acrescentado em meu viver. E assim aconteceu. A cada um dos contos que acabava de ler, elevava-me com a força, a leveza, a delicadeza e principalmente o humano de cada umas das mulheres, que são as personagens centrais de todo o enredo.
          Mas, como é sabido por todos que leem essa coluna, não darei spoiler do livro, apenas contarei pequenos detalhes para aguçar seus instintos de devoradores de belas histórias proporcionadas por bons livros. Nesse caso, o Espelho de Eloísa é uma ótima opção.
       Araceli Sobreira, domina os meandros da nossa língua portuguesa e tem uma sensibilidade refinada, oferecendo-nos um brilhante trabalho, transportando-nos ao mundo das suas personagens, fazendo com que possamos saborear tanto os prazeres, como os desprezares das mesmas.
        Bem, deixa eu colocar esse pão (livro) na bandeja das minhas escolhas, e servir as fatias da forma que a própria autora escolheu. Fatia 1: Histórias de Mulheres Sábias, que são os contos encontrados da página 13 até a 45. Os títulos são: O espelho de Eloísa; O despertar de Zélia; A cura;          A história de Elza; O conto das quatro luas e Dora. Fatia 2: Olhares e Paisagens, que irá da página 51 até a 89. Os títulos são: Na antessala da vida; Um anjo no viaduto; Uma noite entre pedras; Amores de rua; Era quase uma lenda; O Parto e, finalizando, A menina e a Serra do Feiticeiro. Fiquei amarradão no enredo da história desse último conto. Quer saber por que? É só ler o livro.
       Prontamente fatiado o livro (pão para nossas almas), você agora já sabe o título de cada conto, mas as histórias contidas neles, essas deixarei em segredo. Mas, como não sou tão ruim assim, mostrarei um pouco do conto, que dá nome a obra, comentando minhas impressões. Vamos lá então:

Tão pequena, mas tão forte. Esquecida entre as matas, conseguia juntar forças. Ela sábia que até os deuses a temiam, tinha os olhos miúdos, rasgados no rosto moreno. (p,15).

           Você pode até pensar que eu só posso é está de brincadeira, pois esperava um trecho maior, algo que revelasse logo por completo o conto, daí eu coloco só um pedacinho. Calma! Lembre-se que um espelho é aquele utensílio que reflete um pouco da gente, que nos mostra algo de nós, mas que nem sempre nos identificamos com isso. Esse trecho que usei é um espelho, mas é a narradora do conto refletindo quem é Eloísa, quais os traços da personalidade dessa mulher, pois se é pequena em estatura, é grandiosa em força, em alma e personalidade. Se até os deuses tem medo dela, imagina nós, pobres mortais.
         Mas, você deve estar se questionando: Para que irei ler algo sobre alguém que me causará medo? Aí é que está, não terás! Irás é se identificar, refletir-se e, ter também, estranhamento desse reflexo. Verás que uma mulher se constrói e reconstrói todos os dias na busca incessantes do que todos os seres vivos fazem para serem feliz, para deixarem suas marcas no mundo.
          Como diz um trecho da música escrita por Nando Reis: "Eu não tenho mais a cara que eu tinha, no espelho essa cara já não é minha". E é assim que Araceli Sobreira mostra-nos, de forma simples, esse nosso não reconhecimento de quem somos quando estamos em frente ao espelho, a cara nunca é nossa, mas se olharmos o espelho e nos procurarmos no tempo, quem sabe assim, nos reconheceremos.
       De acordo com meu amigo Manuel Azevedo, se o simples fosse fácil, alguém já teria feito outro.
Parabéns a autora!
E vamos à leitura!

 Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.



REFERÊNCIAS

REIS, Nando, Não Vou Me Adaptar, Disponivle em: https://www.vagalume.com.br/nando-reis/nao-vou-me-adaptar.html
SOBREIRA, Araceli, O Espelho de Eloísa: e outras histórias de mulheres sábias. Natal-RN, CJA 2018.



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Resenha Poética com Cláudio Wagner: Convida você para o lançamento do livro de Roberto Noir


Poeta Roberto Noir lança primeiro livro neste sábado em Natal


O professor, escritor e poeta Roberto Noir lançará neste sábado, dia 20, seu primeiro livro, "Post Mortem", pelo selo editorial da SPVA-RN (Sociedade dos Poetas Vivos e Afins-RN), em parceria com a OW Edições. O lançamento será às 18h na Galeria Salgado Filho, na avenida Salgado Filho, 1773, Lagoa Nova, em frente ao Portugal Center.

A obra, escrita em versos por Roberto Noir e ilustrada por Jack Jacson, relata uma história que traz elementos como traição e ressentimento, retratados de forma ultrarromântica, com uma certa influência de Shakespeare e das tragédias gregas. As ilustrações complementam a poética da história dando um ar de HQ (História em Quadrinhos) ao livro.

Há também influências de diversos artistas, entre eles os poetas brasileiros Augusto dos Anjos e Álvares de Azevedo, Lacrimosa (banda alemã de metal gótico) Lacroix Desphères, Moi Dix Mois e Sito Magus (bandas japonesas de metal).

"Apesar da história ser relativamente curta, sua densidade faz com que passemos tempo a refletir durante e após a leitura sobre certas situações em que vivenciamos e/ou vimos outras pessoas passarem. Podemos até mesmo ser vítimas do egoísmo alheio, assim como podemos ser os algozes", analisa o escritor.

SERVIÇO
Lançamento de Post Mortem
Quando: Sábado dia 20
Horário: 18h
Onde: Galeria Salgado Filho, na avenida Salgado Filho, 1773, Lagoa Nova, em frente ao Portugal Center.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Resenhe Poética com Cláudio Wagner: Dê Lírios - Nildinha Freitas


DÊ LÍRIO



       Quem me ensinou a juntar as letras e depois soletrá-las, no que chamamos de saber ler, foi certamente a professora Anilda, na Escola Estadual Isabel Gondim. Mas, quem de fato me ensinou a ler foi meu amigo, professor e advogado João Maria Oliveira (João Oliveira). Ele não é do tipo que dá conselhos sobre qual livro deveríamos ler, mas sim, chega e nos empresta tal livro. Daí, você só tem duas opções: ler ou ler. Acredite, ler um livro que passou pelas mãos de João Oliveira é uma experiência única, pois o livro vem todo fichado, com apontamentos e suas impressões a respeito da leitura. Isso torna a leitura encantadora, já que parece que estamos lendo um livro dentro de um livro. Assim sendo, aprendi a ser desses que pega um livro, lê de orelha a orelha e ainda dá uma boa olhada na ficha técnica e catalográfica da obra.
E o que tem haver ter aprendido a ler, com essa resenha? Tudo! Pois, foi preciso rabiscar toda a obra “Dê Lírio”, ler como o João Oliveira leria, deixando apontamentos a cada nova virada de folha. Foi preciso soletrar cada palavra, para que os poemas (poesias) viessem a fazer parte da constituição do meu próprio ser. E foi justamente o que fiz, pois só assim pude experimentar todo o prazer que esta obra, da Escritora Nildinha Freitas, pode proporcionar.
O livro nos apaixona logo pela capa em vermelho-escarlate e letras douradas. Já que o vermelho é a cor das paixões e o dourado lembra a riqueza, contextualiza perfeitamente com tudo que encontramos do princípio ao fim do mesmo, que é pura riqueza poética.
Sua apresentação foi feita por um magnifico escritor, o Junior Dalberto. Esse, inclusive, escreveu o livro “Pipa Voada Sobre Brancas Dunas”, cuja leitura me salvou a vida. Mas essa, é outra história.
Tenho toda convicção de que a pessoa que me fez amar poesia, o meu saudoso avô José Rodrigues, iria amar ler "Dê Lírio". E quem sabe isso não ocorra, uma vez que existe uma possibilidade quântica dessa obra está transcendendo nossa realidade e em outro universo (subversor), meu avô possa deleitar-se, assim como eu, com os poemas de Nildinha Freiras. E olhe que sou bem descrente nessas coisas, mas tanto Nildinha, como Júnior Dalberto quebram minha descrença, uma vez que suas escritas geniais dão verdade àquilo que nos parece impossível de ser.
Bem, falei da cor do livro, falei dos que me ensinaram a ler, falei até de quem me ensinou a amar o gênero literário poesia, mas ainda não fiz o que sempre faço em todas as resenhas que escrevo, ainda não deixei um fragmento da obra, algo que gostei assim que li. Preciso confessar que estou com problema quanto a isso, pois gostei até do cheiro da tinta que foi usada para imprimir esse livro. Então, minha tarefe de escolher apenas um fragmento está muito difícil! Deu vontade de colocar todos os poemas, na íntegra, só que seria acusado de plagio e, o pior, você não iria comprar a obra de Nildinha Freitas para ter o mesmo prazer que eu tive. Mas, vamos lá! Depois de muito pensar, lá vai um fragmento de “Dê Lírio”:

Verdades e mentiras sobre mim?
Coisas ditas!
Coisas que ninguém viu
E nem sei se ainda vai ver.

Os pedaços do meu pranto
Que deixei espalhados
Pelos cantos
Ninguém nunca recolheu.

(Trecho do poema “Fragmento”. p.85)

O eu-lírico da poetisa nesses versos parecem falar da própria poetisa, mas mais que isso, fala é de nós. Dou fé em dizer do que queríamos saber sobre nós, na visão dos outros, ao mesmo tempo que é um fragmento, uma parte, um pedaço, o poema é também um todo indivisível, ele entra em movimento e se conecta a todas as partes e estruturas universais do fazer poesia, do fazer da magnânima poesia.
Por hora, é o que posso dizer da poesia de Nildinha Freitas. Seu livro me deixou em êxtase. Obrigado Poetisa, por tão caprichosos versos em cada uma das 89 páginas do seu e do nosso “Dê Lírio”.
Me atrevo a usar um verso de uma das músicas da banda Legião Urbana: “Venha, que o que vem é perfeição”. Então, venha e leia a obra de Nildinha Freitas, que verás o que é perfeição.

 
Cláudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.

REFERÊNCIA
FREITAS, Nildinha, Dê Lírio. Natal-RN, CJA Edições, 2017.
LEGIÃO URBANA, Perfeição, extraído do site: https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/46967/

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Resenha Poética com Cláudio Wagner


O Ser Negro na Cidade do Natal- RN: Um olhar de quem vive essa realidade.

Negro drama, e sei quem trama, e quem tá comigo, o trauma que eu carrego, pra não ser mais um preto fodido.” (Racionais Mc's)

O ano é da graça do nosso senhor de 2017, século XXI, Natal-RN, Brasil. Tenho a pele escura, ou seja, sou negro de nascimento e de vida. Para quem vai começar a ler esse texto certamente deve estar se perguntando: e o que a cor da pele do escritor tem a ver com o texto? E o que você leitor têm a ver com as questões relacionadas a ser negro na Cidade do Natal? E digo: tens muita coisa a ver. Fazem mais de 100 anos desde que o Brasil, que na época tinha apenas 15 milhões de habitantes e não os mais de 200 milhões que temos hoje, aboliu a escravidão negra, onde aliás os negros que foram libertos somavam 700 mil, isso lá para os 13 de maio de 1888, não era um número considerado expressivo, devido antes a outras políticas que já vinham sendo implementadas buscando o fim dessa parte por demais vergonhosa do nosso passado, a escravidão de homens e mulheres que eram forçados a trabalhar de graça – e isso era justificado, tão somente porque devido a sua cor de pele – esses não eram considerados gente (seres humanos) Seja pela igreja católica que chegou a afirmar que esses não tinham alma, seja pelas teorias do Evolucionismo e Racionalismo que ganham forma na sociedade europeia nos séculos XVIII e XIX.
Mas, o estranho é perceber que mesmo passado tanto tempo desde a liberdade da escravidão negra no Brasil, e no caso específico em Natal a situação dos Negros(as) mesmo que libertos, continua sendo muito difícil, pois o “racismo” ideia que defende a superioridade de uma raça sobre a outra – brancos superiores a negros – de acordo com essa ideia e que ainda hoje age às escondidas, sempre de forma camuflada, impera entre nós e é a responsável direta para que a vida de quem tem a pele escura seja levada nas condições mais degradantes da existência humana, em comparação a outros grupos étnicos-culturais. E é bom lhe deixar ciente que o racismo não é algo que sempre existiu ou mesmo que nasce entre nós, mas que ele é fruto de um processo histórico têm raízes lá nos séculos XVIII e XIX, momento de expansão comercial europeia, principalmente Inglaterra, Espanha e Portugal que viam tanto no "Evolucionismo" como no "Racionalismo" as teorias que davam base e sustentação para que os europeus dominassem as suas colônias, e os povos que nelas habitavam. Exemplos: Brasil colônia de Portugal e África colônia Inglesa de onde foi retirada à força a maioria da mão de obra escrava levada para trabalhar nas suas colônias.
O evolucionismo, teoria desenvolvida por Charles Darwin defende que todas as espécies que existem no planeta são fruto de bilhões de anos de evolução e que todas foram evoluindo a partir de organismos mais simples que vão se especializando e os mais fortes conseguem sobreviver formando novas e mais complexas espécies. Usando essa teoria o branco europeu justificou que seu domínio sobre negro africano era porque o segundo fazia parte de uma espécie inferior que ainda estava num estágio quase que animal e precisava então evoluir e caberia aos brancos esse papel de levá-los para essa suposta evolução.
Já o racionalismo, corrente filosófica que tem uma origem aproximada lá pelo século I antes da era comum, e porém, não exatamente das suas ideias fundantes que trato aqui, mas sim das que iriam se desenvolver e florescer junto com o pensamento liberal no séculos XVIII e XIX com a partir de pensadores como Descartes, Spinosa e Leibniz. Descartes conhecido por ser o fundador do "método científico", defende uma supremacia da ciências em relação por exemplo, a religião, e que só a partir de um método de estudo apurado é que se pode chegar as verdades relativas a vida. Pensadores como George Wilhelm e Friedrich Hegel vão demonstrar em sua obra como os brancos são superiores em relação as artes, a filosofia, a ciência, política e etc. Cabendo inclusive a esses guiar os negros para fora do seus atrasos civilizatórios. Nas palavras de Hegel:

O negro, como já observamos, exibe o homem natural em seu estado mais completamente selvagem e desregrado. Devemos deixar de lado qualquer pensamento de reverência e moralidade –tudo o que podemos chamar de sentimento – se quisermos compreendê-lo corretamente; não há nada em consonância com a humanidade que possa ser encontrado neste tipo de caráter.

A citação por si só já diz tudo, mostra o quanto esse pensamento é um fulcro para as teorias racistas o que talvez muito nem saibam, pois jamais tendo lido Hegel ou mesmo algum outro autor aqui referido. Certamente essa frase proferida hoje em dia que temos movimentos organizados contra discriminação e preconceito o autor seria processado e até nem a teria escrito. Mas século depois, ela a frase, é ainda atual para o grupos que vivem da disseminação do ódio racial mesmo sendo esses ignorantes a respeito do contexto histórico e cultural onde esse ódio foi criado.
Porém, estamos na Natal-RN século XXI e o olhar que apresentamos aqui sobre a situação de SER NEGRO nessa cidade do Sol, e de Brancos são os números dos órgãos oficias como o IBGE que falam por si, que gritam sobre como a situação dos Negros(as) é vivida na mais pura desigualdade de oportunidades referente a moradia, educação, acesso a saúde, condições de trabalho e ascensão social. Segundo a Estatística (IBGE) e Mapa da Violência de 2016:

39.471 pessoas que residem em Natal se declaram negras (IBGE) e Mapa da Violência de 2016. 11.399 natalenses negros vivem entre meio a um salário mínimo. Apenas 219 residentes em Natal que são negros vivem com mais de 10 salários mínimos, 16.983 negros não possuem o ensino fundamental completo ou são analfabetos. Somente 2.387 pessoas terminaram uma faculdade. 39.354 negros que residem em Natal moram em casa, sendo que 6.110 moram em barracos nas favelas

Se somarmos esse números a questão da violência sofrida pela população negra percebermos que não é fácil para alguém de cor viver nessa cidade segundo matéria do jornal Tribuna do Norte de 30/12/2015 com o titulo: No RN, 82,7% das Vítimas de homicídios são negros ou pardos. O que desmontaria a marca da desigualdade racial no tocante as mortes violentas em nossa estado. A mesma matéria trabalha os números de mortes por cada cidade no estado e Natal aparece em 1 colocada com 499 homicídios. Dentro desse número a maioria é parda ou negra. A matéria relata que oito em cada das pessoas que foram mortas no ano de 2015 são negras ou pardas. Esse número aumentou em relação a 2014, mas mesmo nesse outro ano o número de mortos de brancos foi inferior ou de negros.
Como o próprio titulo do texto sugere, somos negros, vivemos e sabemos a realidade e como a questão aqui é um olhar usamos alguns dados e buscamos fazer elos com a história das questões raciais para quem sabe, juntos, possamos buscar os caminhos para acabar com essas desigualdades que separam historicamente brancos e negros, no que se refere a ter acesso a educação, saúde, moradia, segurança, emprego, ou seja, as questões mínimas para a garantia de uma vida como um cidadão completo. Lembrando que quem olha, olha para algum lugar e vê alguma direção, e olhando deixo as perguntas: por quê na Câmara de Vereadores(as) de Natal não temos na atual legislatura nenhum negro? Por que o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) onde lembramos Zumbi dos Palmares foi retirado do calendário como feriado? Mas, os feriados santos continuam. As respostas a essa perguntas parecem sim que estão ligadas ao preconceito de raça, aliás essa ideia de raça já foi a muito abolida pela ciências, pois somos uma única espécie humana, mas essa ideia de raça ainda persiste na cabeça do irracionais.
E na música Negro Drama os “Negro Drama” (Racionais MC) dizem assim: “Eu sei quem trama, e quem tá comigo, o trauma que eu carrego, pra não ser mais um preto fodido.” Só sabendo (conhecendo) nossa história e raízes do preconceito e entendendo que está ao nossa lato nessa luta para superar as desigualdades é que iremos mudar as estatísticas para negros, pardos.


Referencia

http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/no-rn-82-7-das-va-timas-de-homica-dio-sa-o-negros-ou-pardos/334363

http://www.mapadaviolencia.org.br/

Figueiredo, Fábio Baqueiro. História da África, Brasília: Ministério da Educação. Secretária de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.

Salvador: Centro de Estudos Afro Orientais, 2009.