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Brinquedoteca Itinerante e Popular

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Resenha Poética com Claudio Wagner: CIRCO E POÉSIA


Circo de Poesias

Crianças vão crescendo e dão outro sentido
Guilherme Arantes

  Comprei de um pipoqueiro poeta, palavras que pipocavam quentes e desciam pelas escadas (páginas do seu belo livro “Circo de Poesias”), e quando cheguei nas arquibancadas (miolo da obra) fui arrebatado para um mundo de sensações que só quem assiste um espetáculo circense consegue sentir.
  Mas, não foi apenas a experiência de estar num circo de poesias (criado pelo poeta Weid Sousa), mas sim algo maior que isso, posso dizer que tive uma conjunção holística com suas palavras (versos) e fui transportado ao todo de mim. A cada poema, a criança, que estava morta dentro do meu ser, renascia e um elo entre Claudio Wagner e a poesia contida em “Circo de Poesias”, estabeleceu-se. Mesmo conhecendo todas as palavras do dicionário, nenhuma seria capaz de sintetizar o que de fato ocorreu. Se com “O Guia do Mochileiro Das Galáxias”, de Douglas Adams, aprendi a voar, com “Circo de Poesias”, de Weid Souza, reaprendi a ser criança, a voltar a sonhar, a ver o quanto o simples é sofisticado. Como diz meu amigo Professor e Poeta Manuel Azevedo, “se o simples fosse fácil de fazer, alguém já teria inventado outro “parabéns para você”, o que até hoje não ocorreu. E é com uma simplicidade poética singular, que Weid Sousa envolve e encanta crianças e adultos. Vamos comigo ao picadeiro poético para vivenciarmos uma parte do espetáculo (poema) dessa obra?

A TURMA DA PIPOCA

É tão divertido
A turma da pipoca
Chegam amarelas de medo
Mas quando o chão esquente
Pulam loucas de alegria

No sofá ou no cinema
Pipoca não pode faltar
Colorida ao amanteigada
Doce ou salgada

A pipoca pula-pula
Pula na minha boca
Um pedacinho de nuvem
Um anjinho de asa torta

Se pipoca nascesse em jardim
Seria uma roseira branca
Teria formato de rosa
Mas cheiraria como pipoca

Sozinha ou com suco de limão
Vestida de milho ou açucarada
A turminha da pipoca
É a turma mais animada

(p.24).


  Tenho certeza que estais com a cabeça pipocando, querendo entender como nosso autor capturou essa poesia no ambiente e nos doou em forma de poema! Isso é coisa de quem tem um olhar apuradamente lúdico, um olhar de quem percebe o que desperta nas crianças o interesse pela leitura.
  Guilherme Arantes, na música “Pão”, fala como em cada momento os sonhos vão se diferenciando em nossa vida e, numa parte dessa música, ele diz assim: “Crianças vão crescendo e dão outro sentido ao prazer". Você Weid Sousa, me levou, através do teu “Circo de Poesias”, ao mundo onde o cansaço do dia-a-dia não era por mim sentido e meu ser viveu o prazer do celebrar a grandiosidade de estar vivo, sensação que só as crianças compreendem em sua profundidade.



Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.




Referência

ARANTES, Guilherme. Pão. Disponível: https://www.letras.mus.br/guilherme-arantes/113342/

SOUSA, Weid. Circo de Poesias, Ed do Autor, Natal-RN, 2018.


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