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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Resenha Poética com Cláudio Wagner: “Janela da Alma”


Porque algumas janelas podem servir como uma porta de saída para nossos sonhos




A alma humana nua é a mais excitante de todas as visões.
Cláudio Wagner

            Quem lê as resenhas aqui publicadas, já está mais que habituado a ler logo no título da mesma o nome da obra que será trabalhada, porém tamanho foi o zelo que Sandenberg Oliveira deu à luz sua obra, que me faltou coragem para já de cara deixá-lo à mostra. Preferi fazer um jogo de sedução com você, a mesma sedução que senti a cada virada de página. Era impossível para de ler!
            Os livros podem ser: didáticos, religiosos, poéticos, de amor, de guerras, etc, mas o livro de Sandemberg, não cabe dentro dessas categorias. Não foi possível dizer de imediato se ele era isso ou aquilo, já que ele é isso e aquilo ao mesmo tempo, logo, não entra na camisa de força das comparações. Por isso, resolvi dizer que esse é um livro raio-x, pois nos permite enxergar a alma humana que, em seu estado de dor, se apresenta sem cortes, porém, vela muito observá-la. Só entrado pela janela que essa obra nos abre é que passamos a ver a alma das pessoas em sua plenitude.
             Sandemberg Oliveira, apresenta, minuciosamente, todos os por menores de suas experiências e práticas da biblioterapia (uso da leitura com função terapêutica), a qual teve seu primeiro contato ainda nos bancos acadêmicos, quando cursou letras na UFRN e participou de um projeto que levava à pacientes acometidos de câncer, uma oportunidade de ter alguém para ler para eles. Detalhe, essas leituras eram fruto das escolhas do próprio paciente e o Sandemberg, era um dos que faziam as leituras.
             Arrisco em dizer que nesse período, o agora autor desse espetáculo de livro, lançado pela CJA Edições, não sonhava nem que aquelas leituras que ele fazia para os pacientes, e com as quais ia apreendendo belas e emocionantes lições sobre a natureza humana, virariam livro algum dia, mas para nossa sorte, virou.
             E assim, nasceu “Janela da Alma”, o qual li e estou aqui escrevinhando sobre o mesmo e conclamando meus amados e amadas que saiam de suas cadeiras e corram para adquiri-lo e ter essa experiência magnífica que tive.
Deixo agora para vocês se deliciarem, um pouco do que contém nas 131 páginas do “Janela da Alma”. O autor fala assim a respeito do ato de ler:

Sendo a leitura um encontro entre o texto e o leitor, é sempre o leitor que, tornando-se agente e iniciador da ação, deve escolher entre múltiplas proposições de justeza ética veiculada pela leitura. A identidade poética de um ser humano está em constante movimento”. (p.47)

             Essas palavras, que capturei com o laço das minhas escolhas, as quais estão no capítulo em que o autor disseca o gênero poesia na prática da biblioterapia, é apenas uma panorâmica do que pode ser encontrado na obra:

Francisco de Assis era um homem de seus cinquenta anos, de muito gracejo, um verdadeiro poeta que gostava de leitura como ninguém e amava a poesia, passava boa parte do tempo escrevendo e lendo, só parava quando a dor, ante sua doença, incomodava-o, forçando-o a ficar quieto, sonolento e triste. (p.126).

Com essa obra, eu pude sair da ignorância sobre o poder da leitura na vida das pessoas. Sandemberg, sem perceber nos colocou perto dessas pessoas (vidas).
Por motivos de formação, li e reli algumas vezes essa frase de Carl Jung: "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana". Mas, confesso que só consegui entender o sentido dela ao ler “Janela da Alma”, pois seu autor conseguiu na narrativa, me fazer compreender que é preciso deixar as almas se comunicarem umas com as outras, permitindo algumas janelas servirem como uma porta de saída para nossos sonhos.


Claudio Wagner
Poeta, professor historiador, Cientista das Religiões, 1º Secretário da SPVA/RN e autor do livro Entre a Sombra da Razão e a Razão da Sombra.

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